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Destruição


Perdoa-me, por favor, perdoa-me

Pois nessas letras mal escritas

Exponho teu íntimo ao mundo

Os que por ditas linhas passarem

Saberão dos teus podres pés

Do canto escuro do teu quarto

Do fundo do teu armário

Do teu vil desejo de posse

Das calcinhas furadas meias-calças rotas

Das tuas vergonhas

Tu és o umbigo do universo

E tudo retorna a ti

Fonte primordial de toda vida

Apodreço sendo o que não sou

O que queres que eu seja

Meu cheiro de mofo enjoa-me

Enojo-me da tua perfeição

Essa mesma que espalhas ao vento

Publicas em revistas e nas fotos das colunas sociais

Umbigo a que tudo se refere

Que sofre mais que a carne cortada

Que se dói mais que o osso quebrado

Perdoa-me mas tenho que destruir-te

Fazer-te sofrer na tua carne, nos teus ossos

Preciso rasgar tuas revistas

Desenhar bigodes nas fotos dos jornais

Falar dos teus desejos mesquinhos e humanos

Dos meninos que queres possuir

Quebrar-te e rebaixar-te ao meu nível

Quero vê-la sentir na pele

A sua própria dor, não a minha

A minha dor é só minha!

Pisar-te a cara, sujar-te as vestes

Arrastar-te pela terra lamaçenta

Fazer-te o que realmente és

Libertar-te do que deverias ser

Libertar-me do teu jugo hostil

Poder ter meus desejos humanos pecaminosos e gostosos

Sujar-me em gozo e despertar paixões

Ou nada disso, ou o contrário, ou tudo junto

Pagar o preço de ser livre

E não suplicar mais por teu perdão

28/02/14

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