Círculo Vicioso
Bailando no ar, gemia inquieto vagalume: “Quem me dera que eu fosse aquela loira estrela Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!” Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
“Pudesse eu copiar-te o transparente lume, Que, da grega coluna à gótica janela, Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela” Mas a lua, fitando o sol com azedume:
“Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela Claridade imortal, que toda a luz resume”! Mas o sol, inclinando a rútila capela:
"Pesa-me esta brilhante auréola de nume… Enfara-me esta luz e desmedida umbela… Por que não nasci eu um simples vagalume?"
1879